Nosso novo blog será lançado em: (Tempo Fantasia)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Carta pública de saída do PCdoB


Por Miller Clementino Cruz*

     Desde a adolescência, antes mesmo de entrar no ensino médio, ouço falar em Karl Marx e um pouco sobre sua ideologia por intermédio de um primo que é militante do Partido dos Trabalhadores (PT). Já naquela época, eu não via no PT uma alternativa, de fato revolucionária. Ali não era o meu lugar, obviamente não tinha a clareza que tenho hoje do quanto o partido já se encontrava degenerado. Assim, via no Partido Comunista do Brasil (PC do B) uma alternativa política, de vanguarda, disposto a mudar o modelo econômico do País, a relação entre os homens, enfim, fazer a revolução socialista. 
     Com essa visão, ao completar meus dezesseis anos, tirei meu título de eleitor e no mesmo dia, filiei-me ao PC do B. Tinha grandes expectativas no internacionalismo e de que o partido propunha fazer a revolução mundial dos trabalhadores. Cheguei a participar de uma formação política sobre economia política básica em sua sede estadual. Mas nada além disso ao longo dos dois anos seguidos em que fiquei em suas fileiras, disposto a militar pelo partido. 
     Com o passar do tempo, percebi que sua política era fazer “revolução” através das urnas. Apostavam fortemente nas eleições, na democracia burguesa. Eu sempre discordei disso, pois na minha visão a revolução tem que ser feita por proletários, camponeses e oprimidos pelo capital, nas ruas em marcha reivindicando os seus direitos. Fazendo aquilo que o PC do B não se mostrava disposto a fazer: organizar as massas e ser a vanguarda desse processo, derrubar a democracia burguesa e construir a revolução socialista. A burguesia nunca entregará o poder de mãos beijadas, como o PC do B acredita. 
     O tempo passou, e sem reuniões frequentes na sede municipal do partido, fui me afastando. Foquei nos estudos para passar numa universidade pública e acabei me afastando definitivamente do partido. Com isso, fiquei completamente por fora de seus debates (se é que eles existiam).
     Ao entrar no curso de Agronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2010, conheci a Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), da qual desde logo me aproximei e fui participando de debates sobre educação, agroecologia, convivência com o semiárido, etc. Nesse mesmo ano, aconteceram protestos em várias universidades do Brasil. Suas reitorias foram tomadas pelos estudantes. A reivindicação era que não fosse aceito o ENEM/SISU como forma de ingressar no ensino superior, mas sim o livre acesso. 
     Entrei nessa mobilização. Fato que achei muito curioso foi que a União da Juventude Socialista / PC do B estava do lado da Reitoria e contra os estudantes, defendendo a nova forma ENEM/SISU. Naquele momento foi como se tivesse tomado um choque: não estava acreditando no que estava vendo. Desde então senti total repúdio à UJS. Eu vi que não poderia, em hipótese alguma, fazer parte de tal União. Outro episódio que me deixou, de vez, frustrado com o PC do B, foi o fato de Aldo Rebelo, presidente nacional do partido, ter sido o relator do Novo Código Florestal. Isso fez com que acabasse qualquer credibilidade que eu tinha com os “camaradas”. 
     Como estudante de Agronomia que sou, compromissado com o campesinato e povos tradicionais, e com o conhecimento adquirido, sabia muito bem o que o Novo Código Florestal representava. Vi que o partido estava indo contra o interesse dos pequenos agricultores e em defesa dos interesses dos grandes latifundiários do país, da bancada ruralista, do agronegócio, em suma: do capitalismo. 
     Ano passado aconteceu um das maiores greves da Educação dos últimos dez anos! Os estudantes, mais uma vez, ocuparam reitorias de diversas universidades públicas do país. A União Nacional dos Estudantes (UNE), que tem na sua presidência a UJS há mais de três décadas, se posicionou do lado do governo e, evidentemente, mais uma vez contra os interesses dos estudantes do país. 
     Nessa greve, os estudantes se organizaram no Comando Nacional de Greve dos Estudantes (CNGE) e a UNE o boicotou, indo negociar, paralelamente, com o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, numa clara tentativa de interromper a greve, desmobilizar os estudantes e desmoralizar a luta. A política ficava cada vez mais clara. 
     Mais recentemente, em junho, aconteceram mobilizações históricas de milhares de jovens pelo país, e mais uma vez a UNE/UJS ficou do lado do governo ao aplaudir a aprovação do vergonhoso Estatuto da Juventude, que prevê a restrição da meia-cultural a 40% dos ingressos dos eventos. 
     Há cerca de um ano, e mais frequentemente nos últimos seis meses, tive uma aproximação com o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Sendo período eleitoral, apoiei, embora sem poder votar (Zona Eleitoral pertencente à Guaiúba-CE), os candidatos do partido na capital alencarina. Compreendia que existiam grandes diferenças no trato das eleições burguesas do PCdoB para o PSTU, pois o último a compreende como mera tática, um momento onde a classe trabalhadora está mais disposta a ouvir e discutir política, um forte canal para o partido apresentar um programa revolucionário.  
     Participei de debates organizados na sede do partido e, cada dia que passa, vejo que o PSTU é comprometido com os trabalhadores e com a Revolução Mundial (aquilo que não via no PCdoB). Suas formações me fizeram ver que essa é a alternativa revolucionária para o Brasil, para a América Latina e para o Mundo. 
     Debates e atividades como: Revolução Internacional; Primavera Árabe; Polêmica com o Chavismo; Gênero; Lançamentos da Revista Correio Internacional; Acesso, leitura e discussão sobre o Jornal Opinião Socialista; Cines-debate; Mobilizações de rua; Marchas; Atos; Além de conversas com a militância do partido. Tudo isso me deu um instrumental mais “afiado” para analisar melhor a realidade. 
     Mais recentemente, desvinculei-me da UFC e matriculei-me na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) por causa da sua proposta de formar Engenheiros Agrônomos para trabalhar com a agricultura familiar e de base ecológica. Compreendo bem as limitações que irão surgir numa nova universidade que é fruto de um programa de desestruturação da educação, o REUNI. Mas, me coloco como estudante dessa instituição na tentativa de fazer valer o que o curso se propõe a ser e na dura tarefa de construir o Movimento Estudantil, organizando as lutas necessárias. 
     Os apontamentos para agora são claros. Através desta carta formalizo a minha desfiliação do PCdoB pelos motivos já expostos, entre outros. E anuncio minha filiação ao PSTU. 

     Sempre na luta,

*Estudante de Agronomia na UNILAB
**Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil-FEAB.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sem ilusões nos governos, mais uma vez a juventude sai às ruas!

Guilherme Barbosa, da juventude de Fortaleza

     Depois do vitorioso 30 de agosto em Fortaleza, em que milhares de trabalhadores cruzaram os braços, o dia 7 também foi marcado por mobilizações dos trabalhadores e juventude da cidade. Além do tradicional Grito do Excluídos (na sua 19ª edição), outro ato aconteceu na cidade, este majoritariamente da juventude e que trouxe às ruas mais uma vez o ímpeto, ousadia e criatividade típicos dos jovens. Provou-se, mais uma vez, que as jornadas de junho não foram o fim da indignação dos brasileiros, mas na verdade apenas o começo e que a juventude continuará na rua até ter suas reivindicações atendidas, seja com repressão ou não.

Juventude na rua por mais saúde, educação e qualidade no transporte
     Seguindo a lista de reivindicações que estão em todas as mobilizações desde junho, a OP7 ("Operação Sete de Setembro", como foi chamado o ato) não foi diferente e tinha como pautas regionais a diminuição do preço da passagem de ônibus, o passe livre para estudantes, mais verba pra saúde e educação, a legalização do parque do Cocó e desmilitarização da polícia.
     Todas essas pautas foram cantadas de forma irreverente pelos mais de 4 mil jovens que seguiram firmemente durante todo o percurso da mobilização. Puxada por uma bateria composta por militantes da ANEL e outros ativistas, as palavras de ordem eram as mais variadas como; “ Da copa eu abro mão, eu quero é dinheiro pra saúde e educação!”; “ Roberto Cláudio, pisou na bola, você cortou o meu pé de castanhola!” e “ o meu dinheiro não é capim, eu quero passe livre, sim!”.

As pautas convergiam a um só grito, pelo Fora Cid Gomes!
     Para os com curta memória, durante o mês de junho e julho a mídia bombardeou por meio dos seus canais que os manifestantes que estavam nas ruas "não tinham foco”, não sabiam contra quem lutavam e tampouco o que queriam.
     Mesmo isso já não sendo verdade no passado, nenhum canal sério se atreverá em dizer que os manifestantes que participaram do protesto do último sábado não sabiam o que queriam: todos os manifestantes tinham claro em suas mentes que suas pautas não estão na agenda dos políticos e que seus inimigos são todos os governos, desde o municipal de Roberto Cláudio até o nacional de Dilma Rousseff.
     Porém, o governo que mais provoca ódio hoje na juventude e na classe trabalhadora de Fortaleza é sem dúvida o de Cid Gomes: com o descaso com a população, os gastos absurdos em banquetes enquanto muitos passam fome; os 350 milhões para o aquário enquanto há seca no estado; e a forte repressão autorizada de forma covarde aos que estão participando desde o primeiro ato, faz com que a luta dos manifestantes passem diretamente pela luta pelo “Fora Cid Gomes”.

Forte repressão da polícia marca o ato do dia 7
     O motivo da luta pelo “Fora Cid Gomes” ganhou mais um elemento no último sábado: a desproporcionalidade do grupo policial que foi deslocado pra acompanhar o ato e a truculência e despreparo em suas ações foram criminosas e injustificáveis, e tudo isso devido à megalomania do Governador e a seu regime ditatorial.
     Já durante a concentração do ato, manifestantes foram detidos pela polícia, que seguiu a manifestação detendo manifestantes por toda a Beira Mar. Porém o pior aconteceu poucos metros após o ato passar pela Praça Portugal, e assim, sem motivo nenhum, a polícia começou a jogar bombas de efeito moral e atirar nas pessoas que estavam no ato.
     A cidade entrou em clima de guerra, e os policiais, que já haviam cercado todo ato, começaram a atirar pelas costas dos manifestantes. Muitos que estavam em sua primeira manifestação passaram mal devido às bombas, vários manifestantes se feriram e um deles foi atingindo de raspão no olho.
     A forma da ação policial foi absurda até para os padrões fortalezenses - jogar bomba pelo helicóptero parece brincadeira de criança perto do que os policiais fizeram na noite de sábado. Eles não só atiraram sem justificativa, como correram atrás dos manifestantes atirando! Eles não estavam interessados em “defender a ordem” ou qualquer coisa do tipo, mas apenas em dispersar o ato a qualquer custo, assim como em prender e ferir quantos manifestantes fosse possível.

A juventude continuará nas ruas!
     Mesmo com todas as ameaças e violência sofrida pelos manifestantes, o ato foi vitorioso, pois mais uma vez colocou milhares de jovens nas ruas, mais uma vez mostrou o quão despreparada é a polícia (e por isso a necessidade de um sério debate pela sua desmilitarização) e por fim, o quanto o governo Cid Gomes não representa a juventude e os trabalhadores de Fortaleza, daí a necessidade de cada vez mais lutarmos por melhorias no serviço público e pelo fora Cid Gomes.
     A juventude continuará nas ruas, porque sua disposição é grande e seu motivo é justo. Intimidações não nos farão recuar, avançaremos na luta até alcançarmos nossa vitória! Como fala uma tradicional palavra de ordem, talvez a mais bonita de todas: “Avança! Avança! Avança, juventude! A luta é o que muda, o resto só ilude!”. Sem ilusões no governo de Roberto Cláudio, Cid Gomes e Dilma Rousseff, só a luta muda vida, e por isso permaneceremos nela!

domingo, 8 de setembro de 2013

Fortaleza: um grito pelo fora Cid Gomes

Ato convocado pelo + Pão - Circo reuniu milhares de jovens
     No dia 7 de setembro, milhares de jovens e trabalhadores saíram às ruas de Fortaleza. Enganou-se quem achou que os protestos seriam para defender uma pauta conservadora e para reivindicar a volta dos militares. Ao contrario: as manifestações do “dia da independência” foram continuidade das jornadas juninas que exigiram centralmente dos governos educação, saúde, passe livre e melhores das condições nos transporte. 
     Dois atos aconteceram simultaneamente: o tradicional Grito dos Excluídos e outro ato organizado pela juventude.  Os dois atos tinham algo em comum: o Fora Cid Gomes. Os desmandos do Governador do Ceará estão gerando na população cearense uma forte indignação. Enquanto o Estado Nordestino sofre uma das piores secas da história e o governador gasta com lagosta, caviar e está construindo um aquário que custará R$ 350 milhões. Para atender os interesses dos empresários, o governador tem promovido milhares de remoções, expulsando a população de suas casas. 
     Como fez nos protestos durante a copa das confederações, o governador se escondeu e mandou a polícia massacrar os manifestantes. Cid Gomes não compareceu ao desfile oficial, mostrando fraqueza política e medo dos protestos. Além disso, ao enviar um contingente de policiais desproporcional ao número de manifestantes, premeditou uma agressão covarde contra jovens que exerciam o direito de protestar. Batalhão de Choque, Cavalaria, Polícia Rodoviária Estadual e o Ronda foram utilizados para reprimir e criar pânico entre jovens que na sua grande maioria estavam participando da primeira vez de um ato público. A utilização massiva de bombas de gás e bala de borracha feriram centenas de manifestantes e transformaram a Aldeota numa praça de guerra. 
     O poder judiciário também é responsável pela agressão covarde dos manifestantes. A decisão que permitiu a prisão de jovens mascarados serviu como uma carta branca para Polícia Militar agir de maneira livre e criminosa. O Ministério Público, que pediu ao poder Judiciário tal decisão, deve agora investigar e exigir a punição da conduta da polícia e do seu comandante e chefe, o governador Cid Gomes. 
     O covarde governador do Ceará insiste em se comportar como um coronel abusando de autoridade e querendo calar na marra quem se levanta contra as injustiças no nosso Estado. Porém, cassetete, bala de borracha e gás de pimenta não diminuíram a disposição de luta de jovens e trabalhadores que entraram em cena no mês de junho. Agora precisamos continuar as manifestações e exigir o Fora Cid Gomes.

Participação do PSTU no Grito dos Excluídos

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Nova edição da revista Correio Internacional será lançada em Fortaleza

Em sua 11ª edição, a publicação traz como tema de capa as mobilizações do Brasil

     "Por que o Brasil explodiu?" é a pergunta tema da edição de nº11 da Revista Correio Internacional que será lançada quinta-feira, 05 de setembro, às 19h, no auditório do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC). A revista é uma publicação da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), que no Brasil é representada pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).
     A cerimônia de lançamento da revista contará com a presença de um de seus colaboradores, o sociólogo Ronald León Nuñez. Autor do livro “Genocídio e Revolução” – que trata da história da Guerra do Paraguai –, Nuñez deve dedicar parte de sua apresentação às análises sobre outros dois países tidos como centrais para esta edição da Correio Internacional: a Turquia e o Egito, além de outros temas que também integram a publicação.
     Na ocasião, a revista será vendida a R$ 8 (oito reais). O editorial da 11ª edição da revista Correio Internacional encontra-se disponível no seguinte endereço: http://goo.gl/obl7w4.

Serviço:
Lançamento da Revista Correio Internacional nº11;
Data: quinta-feira, 05 de setembro de 2013, às 19h;
Local: auditório da ADUFC. Endereço: Av. da Universidade, 2346.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mais Médicos ou Mais SUS?


     Em meio a imensos debates sobre o programa Mais Médicos, a sociedade segue dividida. De um lado, o governo o impõe como medida salvadora; de outro, entidades médicas rejeitam, chegando até mesmo a agredirem médicos estrangeiros, em especial os cubanos. Mas o que está por trás dessa polêmica?   
     As mobilizações de junho questionaram os governos e puseram em cheque a possibilidade de reeleição da presidenta Dilma. Melhorias na saúde foram a principal exigência, ao lado de transporte e educação. Diante da perda de popularidade, Dilma lança o “Mais médicos” como uma medida desesperada para conter as manifestações.
     O programa contava com três eixos: aumento no número de vagas para cursos de medicina e residência médica; ampliação da duração do curso de 6 para 8 anos, sendo os dois últimos em serviço obrigatório no SUS; e o envio de médicos (brasileiros e estrangeiros) para periferias e interiores do país.
Essas medidas foram extremamente questionadas pelos setores que debatem saúde. Primeiro: como pensar em aumento no número de vagas nas universidades sem o aumento no financiamento para a educação? Já a o serviço obrigatório de dois anos por estudantes foi tão absurdo, que o governo retirou a proposta.

Precarização do trabalho que não vai resolver o problema
     Apesar do salário de 10 mil reais, o trabalho dos médicos brasileiros e estrangeiros será precarizado. Isso porque não terão vínculo empregatício ou direitos trabalhistas. O discurso do governo, de que basta enviar médicos para as regiões carentes do país, só serve para desviar o verdadeiro foco: a saúde púbica agoniza por falta de investimentos. Faltam materiais e medicamentos básicos, exames, estrutura física e todos os profissionais necessários. Sem isso, as condições de saúde da população não mudarão. A ideia de que o médico sozinho vai resolver os problemas, não passa de uma mentira eleitoreira.
     Não existe compromisso com a saúde da população, tanto que muitos médicos no interior estão sendo demitidos para a possível chegada dos novos profissionais pelo “Mais Médicos”. De tão mal recebido pelos profissionais, somente 11% das vagas do programa foram preenchidas. Em meio a esse fiasco, o governo brasileiro fez um “acordo” com o de Cuba para importar 4000 médicos para o Brasil.

Os Médicos vindos de Cuba: uma grande polêmica
     Em primeiro lugar, rechaçamos todo tipo de manifestações racistas, xenofóbicas e corporativistas contra os médicos cubanos. Mas não podemos deixar de fazer a discussão sobre o acordo entre Brasil e Cuba.
Para cada profissional que vier de Cuba, o governo federal entregará ao cubano 10 mil reais. Esse, por sua vez, repassará a cada médico em torno de 2.500 reais, ficando com o restante.
     Dessa forma, o governo cubano negocia a mão de obra dos trabalhadores, em troca de benefícios financeiros (lucro), funcionando semelhante a uma empresa que terceiriza os serviços. Cuba tem convênios desse tipo com 38 países, sendo a terceirização do trabalho médico precarizado, uma importante fonte de renda.

SIMEC e ato do dia 26 de agosto: uma vergonha
     Na noite de 26 de agosto, o Sindicato dos Médicos do Ceará (SIMEC) organizou um ato na Escola de Saúde Pública, onde acontecia a recepção dos médicosestrangeiros. Na saída, os cubanos foram vaiados e chamados de escravos e incompetentes pelos manifestantes, sob gritos de “voltem pras suas senzalas”.
     Solidarizamo-nos com os profissionais cubanos que vieram ao Brasil e entendemos que, nesse processo, são trabalhadores que tiveram sua força de trabalhado “negociada” para serem explorados em um país estrangeiro. Estamos, também, dispostos a defendê-los de qualquer ataque racista ou xenófobo. Ao contrário do SIMEC, defendemos a esses trabalhadores os direitos trabalhistas previstos na legislação brasileira e o recebimento integral do valor da bolsa.
     Acreditamos que a diretoria SIMEC cumpriu um verdadeiro desserviço à luta, não só dos médicos, mas de todos os trabalhadores da saúde. As atitudes do SIMEC mostraram que o centro é manter uma reserva de mercado, ou seja, capacidade que os médicos têm de negociar o valor da própria mão de obra em detrimento das outras categorias. Além disso, ajudou a aumentar o apoio ao programa, tirando o foco do verdadeiro teor negativo que ele traz. 
     Somos favoráveis a um processo de avaliação dos médicos estrangeiros, uma vez que o ensino de medicina é diferente de país para país. Se o governo não concorda com o “Revalida”, proponha outro. Mas seguimos dizendo que a luta dos movimentos de saúde deve passar pela defesa de uma saúde pública de qualidade, com aumento do financiamento, livre de toda precarização e privatização.

Por isso defendemos:
- MAIS SUS: 100% estatal, público e de qualidade, sob o controle dos trabalhadores.
- Não às privatizações por meio, das Organizações Sociais(OS), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e suas subsidiárias, como a Saúde Brasil, Fundação Estatal e outras.
- 10% do PIB para o financiamento para a saúde pública e estatal.
- Implantação de uma política de valorização do profissional do SUS, que englobe salários justos, Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e incentivo à qualificação permanente;
- Concurso público com regime Jurídico Único;
- Fim da lei de responsabilidade fiscal;
- Pela união da classe trabalhadora internacional contra a exploração capitalista. Por um governo socialista dos trabalhadores!

Setorial de Saúde do PSTU – Regional Fortaleza

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